Cidade Velha, CV

Apresentação

Cidade Velha localiza-se no concelho da Ribeira Grande de Santiago, a uma dúzia de quilómetros da cidade da Praia capital de Cabo Verde.
Foi declarada Patrimônio Mundial da Humanidade no dia 26 de junho de 2009, numa decisão da UNESCO.
Cidade Velha de Santiago é o berço da cabo-verdianidade. É também a toponímia do que foi a antiga Cidade da Ribeira Grande, que foi capital do arquipélago de Cabo Verde durante alguns séculos. Foi a primeira Cidade que os portugueses tiveram em África, na sua aventura dos descobrimentos. Daí ser uma referência obrigatória no contexto histórico das ilhas de Cabo Verde.
A sua classificação pela UNESCO, como Património Mundial ampliou a sua visibilidade a nível internacional traduzido num aumento significativo do número de visitantes. Esta Cidade é hoje no contexto da ilha de Santiago o sítio mais visitado, sendo o terceiro no contexto nacional.

Cidade Velha Património Mundial – Contextualização Histórica

Corria por volta do ano 1460, quando marinheiros ao serviço da Coroa portuguesa, Antonio da Noli e Diogo Gomes descobriram as primeiras ilhas do arquipélago de Cabo Verde, é o primeiro estabelecimento humano no arquipélago de Cabo Verde.

É na Cidade Velha de Santiago que nasceu o Homem crioulo. Foi o ponto de encontro dos primeiros europeus e negros da costa de África trazidos para o povoamento dessas ilhas.
Do cruzamento destas duas raças distintas originou uma população mestiça. À miscigenação que se traduz não só no aspecto físico, mas também no aspecto cultural. A evolução do dialecto crioulo, com diferenças de uma ilha para outra onde as variantes fonéticas provêm de muitas línguas africanas.

A cidade, que tem no mar a sua principal função, foi erigida no século XV para servir de ponto de abastecimento para o comércio de escravos entre África Europa e América.
Logo após a sua fundação, a antiga cidade da Ribeira Grande tornou-se num dos principais portos de escala obrigatória nas rotas atlânticas e permitiu a expansão colonial em direcção à África, América e Índias. Pelo seu porto passaram Vasco da Gama, na ida e no regresso das Índias, Cristóvão Colombo por ocasião das suas viagens às Índias Ocidentais e Fernão Magalhães, durante a primeira, e definitiva, viagem de navegação à volta do mundo.

A Ribeira Grande contribuiu para a transformação do Atlântico numa rede de distribuição de mercadorias, plantas, animais e homens.

O berço da cabo-verdianidade é hoje um ponto turístico por excelência. Os seus monumentos históricos fazem dela um lugar aprazível principalmente para aqueles que se interessam pela história de um povo surgido de cruzamento de várias raças.

Quatro de Maio de 1712 marcou o afundamento irreversível da Cidade Velha de Santiago. Foi nesse dia que Ribeira Grande é atacada e pilhada por piratas franceses, comandados por Jacques Cassard. O saque foi avaliado em três milhões de libras estrelinhas. Depois desse ataque tudo começou a entrar em decadência.
Paulatinamente Cidade Velha ia perdendo a sua influência e mais tarde abandonada. Era aqui que há cinco séculos começava a história da cabo-verdianidade.

O “berço da nação cabo-verdiana” – que ali nasceu no séc. XV tornou-se o destino de quem procura algo diferente do “sol e praia”. – é hoje em dia beneficiada por bons hotéis e pelo atrativo de um típico artesanato patente nos pequenos bares existentes na histórica Rua Banana e no Largo do Pelourinho, e um importante Centro de Exposição de Artesanato.

Patrimónios edificados

Coroada por uma Fortaleza de origem espanhola com as suas antigas peças de artilharia, remete-se ao passado desta cidade que domina a cidade a 120 metros de altura,
A Cidade era guarnecida a partir desse forte, cuja construção teria sido iniciada em 1593 e de onde se avista a luxuriante paisagem do vale de Ribeira Grande.

A Fortaleza Real de São Filipe fecha um núcleo de fortins e baluartes que se alcandoram sobre as vagas do oceano atlântico a perder de vista.

De lá se avista, num monte fronteiro, o Convento de S. Francisco, do séc. XVII, cercado por um frondoso mangal e em cujas proximidades se semeiam alguns trapiches e fornalhas do famoso grogue.

E também se evidencia a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, o mais antigo templo católico a sul do trópico de Câncer: datado de 1493, nela se mostram pedras tumulares dos ricos senhores da terra que foram sepultados até à época filipina. No seu interior, existe uma capela gótica, a única manuelina erguida em África. Foi nesta igreja que pregou o padre António Vieira, como se recorda numa lápide ali colocada.

A rua Banana, que conduz à igreja, foi a primeira rua de urbanização portuguesa nos trópicos.

Descendo a encosta da Fortaleza Real de São Filipe para Cidade Velha, avistam-se as ruínas da gigantesca Sé-Catedral, que começou a ser erguida em 1555, sendo concluída em 1693.
O último ataque corsário de Jacques Cassard, 1712, devastou-a por completo, pondo a população de Ribeira Grande de Santiago em fuga para o interior da ilha. Impressionam as pedras do imponente templo, cuja visita se torna obrigatória, o que se encontra hoje em ruínas.

Todavia, o pouco que ainda sobra da Sé-Catedral está a ser preservada a fim de evitar que desapareçam referências importantes de Cabo Verde, e em particular de Santiago, ilha-mãe da cultura cabo-verdiana.

Ao nível do mar, fica o plaino do Sítio Histórico onde se avista o manuelino pelourinho, erguido em 1520 no largo da cidade, ainda hoje conservado como monumento símbolo da escravatura. Aqui eram açoitados os escravos, sendo a memória mais viva da época esclavagista em Cabo Verde.

E a torre da igreja da Misericórdia, do séc. XVI, lembrando os tempos em que Ribeira Grande impressionava com as suas 24 igrejas e as suas sete irmandades.

A cidade era então senhora dos mares e fizera-se, por essa época, um riquíssimo entreposto de escravos, onde a flora dos cinco continentes confluiu.
Hoje da Ribeira Grande permanecem as ruínas, a memória, os rastros de um povo e de um passado, todo isso está a converter-se num importante polo cultural, sobressaindo os seus espectáculos ao ar livre, aproveitando a doçura do clima tão do agrado de quem a visita.

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